Resenha Como se apaixonar

Como se apaixonar

Cecelia Ahern

Novo Conceito, 2015

Sinopse: Depois de não conseguir evitar que um homem acabasse com a própria vida, Christine passa a refletir sobre o quanto é importante ser feliz. Por isso, ela desiste de seu casamento sem amor e aplica as técnicas aprendidas em livros de autoajuda para viver melhor.

Adam não está em um momento muito bom, e a única saída que ele encontra para a solução de seus problemas é acabar com sua vida. Mas, para a sorte de Adam, Christine aparece para transformar sua existência, ou pelo menos tentar ajudá-lo.

Ela tem duas semanas para fazer com que Adam reveja seus conceitos de felicidade. Será que ele vai voltar a se apaixonar pela própria vida?

A vida é curta demais para ser vivida de forma infeliz! Esta é a mensagem do livro, ao qual Cecelia se propõe a lidar com a história de Christine e Adam.

“Momentos são preciosos; às vezes eles se demoram e, em outras ocasiões, são passageiros, mas, ainda assim, muito pode ser feito durante eles; você pode mudar de ideia, pode salvar uma vida e pode até se apaixonar." p.343

Christine achava que tinha a vida perfeita, casada e com um pequeno empreendimento este era seu plano de vida, mas tudo muda quando ela vê um homem atirar em si mesmo na sua frente e não poder fazer nada por ele. Aquilo lhe deu um estalo: sua vida estava passando sem que ela percebesse, de repente ela viu que não só estava com um cara do qual não sentia mais afeição como também viu que precisava de um novo giro. Como por destino ela socorre o belo Adam justamente no momento em que este planejava pular da ponte. Agora ela precisa fazê-lo perceber o quanto a vida é boa.

Baseando-se em um livro de autoajuda, Christine vai tentando salvar Adam, tirando-o da depressão e mostrando-o como encarar seus problemas de forma segura e sã. Só que o que ela não esperava é que ela mesma estaria mudando enquanto tenta curar Adam.

“Eu havia lido uma quantidade boa de livros de autoajuda: frases para animar uma pessoa vinham aos montes. Porém nenhum delas parecia adequada naquele momento. Se eu iria ajudá-lo a sair daquela situação, teria que descobrir não apenas o que dizer, mas quando dizer.” p. 53

Adam é um pouco misterioso, ao qual vamos descobrindo aos poucos, seus motivos que o levaram a decisão de pular da ponte, mas um deles é um amor traiçoeiro que acabou por esmigalhá-lo. Ele é um homem frágil, que rompe com estigma de homem sem sentimentos e que não sofre por amor.

Demorei um pouco para emplacar a leitura, não estava estabelecendo conectivo entre minhas expectativas e a trama e isso pesou muito na minha decisão de não ter me envolvido muito com os personagens e com a história, achei maçante em alguns pontos, mas ao mesmo tempo me vi surpreendida pela trama de humor negro e irônico que me desestabilizou um pouco e me surpreendeu também, isto é um ponto positivo que permitiu prosseguir a leitura sem maiores desânimos.

A trama é ao mesmo tempo singela e simplória, singela por trazer as metáforas tão interessantes para a vida, para aproveitá-la em sua riqueza. Cecelia fala da vida para a vida, isso me encanta demais, mas acho ao mesmo tempo simplória exatamente por conhecer e esperar tanto de livros dela, neste parece que a mágica só funcionou na metade, faltou mais emoção, mais boniteza, mais de Cecelia, por assim dizer. Não é ruim, de forma alguma, mas não coloque expectativas de que este será como os anteriores.

Reflexões belas são sempre um presente em cada livro dela e deixo aqui algumas:

“Nossos pensamentos mudam o tempo todo, porque nós os colocamos ali.”p.100

“[...] pensamos em nos apaixonar como uma coisa mágica e misteriosa que acontece conosco e sobre a qual não temos controle, por isso falavam “cair” de amores. Mas se apaixonar acontece quando uma série de eventos ocorre com uma pessoa.” p. 191

 “A vida é uma série de momentos e momentos sempre mudam, assim como os pensamentos, negativos e positivos. E, embora possa ser da natureza humana ficar se prendendo a eles, não faz sentido, como acontece com muitas coisas naturais; não faz sentido permitir que um único pensamento habite a mente porque pensamentos são como hóspedes ou aqueles amigos que só aparecem nos bons momentos. Assim que chegam, podem ir embora, e até mesmo desaparecer em um instante.” p.343