O Que Há De Estranho Em Mim
Gayle Forman
Arqueiro, 2016
Sinopse: Ao internar a
filha numa clínica, o pai de Brit acredita que está ajudando a menina, mas a
verdade é que o lugar só lhe faz mal. Aos 16 anos, ela se vê diante de um
duvidoso método de terapia, que inclui xingar as outras jovens e dedurar as
infrações alheias para ganhar a liberdade.
Sem saber em quem
confiar e determinada a não cooperar com os conselheiros, Brit se isola. Mas
não fica sozinha por muito tempo. Logo outras garotas se unem a ela na
resistência àquele modo de vida hostil. V, Bebe, Martha e Cassie se tornam seu
oásis em meio ao deserto de opressão.
Juntas, as cinco amigas
vão em busca de uma forma de desafiar o sistema, mostrar ao mundo que não têm
nada de desajustadas e dar fim ao suplício de viver numa instituição que as
enlouquece.
“Os monstros estão por todo lado,Só que a gente não vê.Não tem garras, não tem dentes afiados,Parecem comigo e com você.” p. 78
Brit
é como qualquer outra adolescente com sonhos na cabeça, ela é despojada, de
visual punk e nem ta ligando para o que sua madrasta, carinhosamente apelidada
de Monstra, pensa dela. Tudo o que interessa é tocar sua vida e suas músicas.
Tudo muda quando ela é internada de forma forçada pelo pai em Red Rock, uma
instituição psiquiátrica que mais parece um reformatório ou um lugar que ensine
a enlouquecer.
Por
trás da fachada bonita e da boa lábia os condutores do Red Rock, Drª. Clayton e
Xerife em nada ajudam as internas, ao contrário, buscam derrotá-las, tirar
delas personalidade e transformá-las em fantoches. O sistema abrange níveis,
aos quais as internas sobem de acordo com o comportamento e colaboração, em
cada nível pequenos privilégios são dados e apenas as de nível seis podem ser
liberadas do tratamento.
Claro
que Brit é uma rebelde, ela debocha e nunca deixa que seus opositores percebam
o quanto a afetam, esse comportamento não agrada, ao contrário, causa raiva em
Clayton e Xerife como pode causar a verdadeira revolução naquele lugar. Ela
ganha força nessa batalha quando conhece Cassie, Bebe, V e Martha, também
internas e cada qual com o seu “defeito”:
Bebe
não preservou a virgindade;
Martha
come demais;
Cassie
gosta de meninas;
V...
ela é boa em esconder seus mistérios.
Aliás,
a própria Brit tem os seus bem escondidos.
Demorei
muito para escrever a resenha, primeiro porque eu precisava e muito assentar a
história na minha mente, segundo não queria escrever qualquer coisa, queria
conseguir expressar o que eu senti de forma clara e organizada e espero que
consiga. Sou sincera ao admitir que solicitei o livro mais pela fama da autora
do que por curiosidade pela trama, o assunto tratado me deixou com receios
iniciais, mas como eu teria sido boba por não lê-lo!
“Eu preferiria mil dias de chuva em Portland a um único dia de sol neste buraco dos infernos.” p. 61
Gayle
começa oferecendo seu livro a todas as meninas incompreendidas o que faz
totalmente sentido com a trama que ela vem a contar, as meninas protagonistas
não tinham nenhum problema que necessitasse intervenção, elas eram apenas
diferentes dos que seus pais almejavam e por isso sabatinadas, como se fossem
relógios que precisam ser reajustados, assim como elas, há milhares de meninas
que sofrem diariamente com rótulos e por isso, abandonadas para lidarem
sozinhas com situações nas quais deveriam ser compreendidas pelos familiares e
apoiadas.
A
própria Brit se pergunta ao longo do livro quem é mais louco, ela com seu
comportamento rebelde ou o pai por seu comportamento abusivo e autoritário? Para
mim, ele, afinal por mais protetora que fosse a sua intenção a intervenção brusca
e sem muito diálogo mostrou-se totalmente diferente de sua intenção. Deu a
impressão de que Brit já não servia mais para aquela família e precisava ser
retirada, apesar das palavras bonitas não consegui ir com a cara dele.
Debater
loucura e sanidade, doença e ilusão de forma tão singela e respeitosa também
foi um ponto auge do livro, valendo-se da premissa de que nem tudo que reluz é
outro a autora vai construindo seus personagens, dando-lhes características e personalidades únicas, tornando-os reais e
afetivos e em nada comparados aquilo como chegam à Red Rock.
“É que a gente acha que a loucura e a sanidade ficam de lados opostos de um oceano, mas na verdade não passam de duas linhas vizinhas.” p. 194
As
cenas que descrever Red Rock são de uma perfeição inabalável, Gayle realmente
quis com que o leitor fosse transportado para as paredes enclausurantes da
instituição, como a autora deixa claro em sua nota aos leitores a Red Rock é um
retrato fiel de muitas instituições espalhadas mundo afora que apesar de lindos
slogans tem por finalidade coagir e intimidar suas pacientes, muitas vezes
geridas por charlatães que se interessam apenas em lucros e que destroem mais as
do que os problemas com os quais chegam ali.
Gostei
muito de Brit e de suas amigas, cada uma com sua personalidade mostrou-se uma
forte adversária ao sistema opressor que estavam passando. Assim como elas me
peguei rindo e chorando em alguns momentos, rindo pelas pequenas vitórias e
alegrias que conseguiam, chorando por seus retrocessos em meio a esse
verdadeiro inferno.
No
mais é um retrato fidedigno da realidade, buscar ajuda é necessária e eficaz em
vários casos, mas algumas questões devem ser levadas em conta na hora de
decidir ou não por um tratamento psiquiátrico, afinal o diálogo entre pares
deve permanecer, o respeito a diversidade e principalmente buscar informações
sobre profissionais e instituições que tenham por objetivo o bem estar, mais do
que uma trama de ficção, “O que há de
estranho em mim” vem servir de alerta para essa sociedade cada vez mais
intolerante, preconceituosa e precipitada em suas decisões.
Acho que só li um livro nesse estilo antes, se tratando de psicologia também. Acho que devo admitir que as coisas são um pouco assustadoras em algumas partes, mas pelo o que você disse, talvez esse seja ainda mais envolvente, hehe.
ResponderExcluirhttp://particulasinfinitas.blogspot.com.br/
Oei!
ResponderExcluirEu gostei muito da leitura desse livro, e mesmo não sendo o melhor da autora, a história é muito boa.
Bjks!
http://www.historias-semfim.com/
Oi, Thaila!
ResponderExcluirEstou de olho nesse livros desde que começaram a anunciar os lançamentos, e sua resenha é a primeira que leio. Essa questão da loucura e de quem precisa ser internado sempre foi polêmica, a definição do que não é normal em muitos momentos foi definida arbitrariamente. Nem tanto tempo atrás assim, a "vadiagem" era motivo para internar uma pessoa. Então acho bem legal a autora abordar o tema e levantar questões, ainda que de um outro ponto de vista, mais atual e tal, mas ainda assim capaz de fazer o leitor refletir.
Beijos, Entre Aspas
Todo mundo tá elogiando tanto esse livro... E você também... Caramba, assim fica difícil resistir.
ResponderExcluirTambém quero me emocionar assim!!!!
Adorei a resenha!
Bjks
Lelê
Parece bom, é bem diferente do que ela já publicou né?
ResponderExcluirBeijos
www.modaeeu.com.br
É muito legal quando um livro nos surpreende e nos emociona.
ResponderExcluirexploradoradelivros.blogspot.com
Olá Thaila,
ResponderExcluirEssa é a terceira resenha que leio desse livro e todas foram positivas, quero quer com certeza e espero gostar também.....bjs.
devoradordeletras.blogspot.com.br
Oi, Thaila!
ResponderExcluirDei uma lida rápida na resenha, eu pedi esse livro para a editora e ele ainda não chegou, a temática dele chamou a minha atenção e eu espero não me arrepender, pois acabei de ler eu estive aqui dessa autora e vou confessar, não me agradou muito, mas espero que esse seja melhor.
Beijão!!
Parabéns pela resenha Thaila! Estou ansiosa para ler O Que Há de Estranho em Mim! Beijo!
ResponderExcluirwww.newsnessa.com
Oi Thaila, tudo bem?
ResponderExcluirEu só li um livro da autora e gostei. Não sei se leria este no momento. Mas, está aqui na minha listinha.
Ótima resenha.
Beijos.
Lia Christo
www.docesletras.com.br
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOlá Thailaa... Mto boa sua resenha... Também adoreiii esse livro, mesmo não sendo uma das minhas primeiras opções pra ler no ano, li em dois dias hehehehe faz a gente refletir né... um beijo!
ResponderExcluirwww.asmeninasqueleemlivros.com