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segunda-feira, 27 de junho de 2016

Resenha As cores do entardecer




As cores do entardecer
Lembranças de um tempo que não terminou
Julie Kibler
Novo Conceito, 2015

Sinopse A sonhadora Isabelle e o determinado Robert desejavam, com todas as suas forças, se entregar à paixão que os unia. Mas uma jovem branca e um rapaz negro não poderiam cometer tamanha ousadia em plena década de 30, em uma das regiões mais intolerantes dos Estados Unidos, sem pagar um preço muito alto.
Diante dos ouvidos atentos da cabeleireira Dorrie, a história do amor trágico e proibido se desdobra, enquanto mudanças profundas se instalam em sua própria vida.
Com personagens humanos e, por isso mesmo, memoráveis, As Cores do Entardecer mostra que as relações afetivas muitas vezes são mais profundas que os laços de sangue. A cada etapa da viagem de Isabelle e Dorrie, as lições sobre otimismo e fé se multiplicam.

A história se passa em dois tempos: nos dias atuais conhecemos Dorrie e Isabelle, que são amigas há algum tempo, cerca de dez anos, desde que Dorrie passou a ser cabeleireira da velha senhora. Ao longo dos anos, elas compartilharam muito: risos, histórias e criaram elos, mas alguns momentos são mais frios, como se realmente as diferenças no tom da pele delas fizesse diferença na relação e segredos ainda não foram revelados. 

Tudo muda quando Isabelle, mais uma vez cheia de seus segredos, pede que Dorrie a leva até Cincinnati, Ohio, para um importante compromisso. Sem detalhes, sem explicações, apenas um pedido.
Dorrie é negra e Isabelle é branca, o que mesmo nos dias atuais ainda causa certa admiração nas pessoas ao verem uma negra e uma branca sendo amigas, viajando juntas e tendo uma relação de companheirismo.
A partir desse longo trajeto de viagem, Dorrie e o leitor serão conduzidos para conhecer a história de Isabelle, a jovem de família abastada da década de 30 que se apaixonou por um negro, filho da empregada da casa.

Durante muito tempo a cor da pele das pessoas foi mais importante que caráter, era a sua cor que determinava se seria dono ou escravo, pobre ou rico, bandido ou herói, patrão ou empregado. A década de 30 americana foi uma das mais cruéis para negros tratando-se de segregação, bairros e cidades foram divididas, tolhes de recolher impostos e casamentos inter-raciais proibidos, qualquer pessoa que infringisse as leis seria punida e até mesmo repreensões físicas como agressões e linchamentos. Negros e brancos nunca deviam se misturar.

Entretanto, nem o perigo e o medo impediram que Isabelle e o jovem Robert vivessem um amor proibido, marcado pela tristeza da segregação e da imposição. Entre altos e baixos, Isabelle, agora como a senhora de mais de noventa anos revive as lembranças do amor passado quando ainda era uma menina de pouco mais de dezessete anos.

“Ele desligou a lâmpada e esticou o braço por cima de mim para abrir a cortina da janela. Meus olhos se ajustaram à luz da lua e nela eu pude discernir o contraste entre nossas mãos dadas. As diferentes graduações de tonalidade de nossas peles, os marrons, rosas e tons de creme se tornaram quase invisíveis – era tudo preto ou branco, quase sem graduação entre um e outro. Da maneira exata como o mundo nos veria. Mas eu me deliciei com nossas diferenças [...] ” p.199


Refazer os momentos dessa paixão além de rememorar momentos é descobrir mais da história e se emocionar. Eu já sabia o que esperar da trama apenas pela sinopse: uma trama triste e feliz, com uma delicadeza extrema, permeada de pesquisa para solidificar fatos e criar um ambiente real. Até certo ponto a história tem cunho real, uma vez que a própria avó de Kibler sofreu na pele esse tipo de amor proibido.

A grande sacada da autora para mim, é o subtítulo “lembranças de um tempo que não terminou”, afinal é fato de que se pensarmos o racismo ainda não acabou, mesmo que de forma velada ele esta presente na sociedade: em uma piada, nas relações profissionais, nas representações e ao mesmo tempo as lembranças de Isabelle sobre a sua história também não terminaram, uma vez que tantos segredos ainda a permeiam.

É claro que Dorrie também é importante para essa história no geral: ela tem suas próprias complicações, medos e anseios na criação dos filhos, no seu recente relacionamento. Ela é desconfiada, sofrida e uma mulher que vive e luta diariamente contra o preconceito, apesar disso, ela tem sido uma expectadora das lembranças de Isabelle. Entendam: essa é a história de Miss Isabelle, a senhora que na juventude teve um romance que colocou em xeque tudo o que almejavam dela, então não esperem que as duas histórias sejam equiparadas, pois há maior explanação sobre a da senhora idosa. Eu, particularmente, me senti muito a vontade com a divisão de capítulos e de espaço na trama.

Apesar de ter tido todas as boas impressões logo de cara, “As cores do entardecer” conseguiu me surpreender pela trama romântica e dramática que me arrancou suspiros e lágrimas. Uma história singela, delicada e extremamente bem escrita! Simplesmente arrebatadora!

5 comentários:

  1. Oi flor!

    saudades daqui!
    Amei sua resenha e parece ser um livro incrivel, porém, o passo no momento!

    Mil beijos
    www.modaeeu.com.br

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  2. Olá, tudo bem? Pelo o que você disse na resenha, o livro parece ser muito bom mesmo. Gosto de livros surpreendentes, românticos e bem escritos, então acho que vou curtir muito a leitura.

    Beijos,
    Duas Livreiras

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  3. Parabéns pela resenha Thaila! Estou ansiosa para ler As Cores do Entardecer! Beijo!

    www.newsnessa.com

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  4. Oie Thaila =)

    Confesso que apesar de gostar da temática que esse livro aborda, não consegui sentir aquela curiosidade de em conhecer a história sabe.
    Fico feliz em saber que você se surpreendeu com a trama e ficou bastante emocionada.

    Beijos;***

    Ane Reis.
    mydearlibrary | Livros, divagações e outras histórias...
    @mydearlibrary

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  5. Oi Thaila!

    Eu achava que esse livro teria uma trama intensa, mas não imaginava que seria também surpreendente, que bom que a história te cativou :)

    Beijos... Elis Culceag.​ * Arquivo Passional *

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