Resenha Sonhos em Flor

Sonhos em Flor

Às vezes, não ter o controle é libertador.

Essa Luz Tão Brilhante # 2

Estelle Laure

Sinopse: Eden Jones tem 17 anos e o futuro todo planejado. Com o apoio dos pais amorosos, do irmão gêmeo que a entende como ninguém e de Lucille, a melhor amiga de todas, sonha em estudar em Nova York e se tornar uma grande bailarina. Então seu mundinho perfeito começa a desmoronar... Além de não se sair bem no primeiro teste para um balé importante, fica sem chão quando Lucille e seu irmão escondem dela que estão namorando. Mas o destino achou que isso não era o bastante. Eden passa por uma incrível experiência de quase morte, porém volta com muitas perguntas e não consegue retomar a vida. As alucinações com flores negras e com a garota em coma na mesma ala do hospital onde esteve internada a levam a Joe, e só aí ela entende que não ter o controle das coisas pode ser libertador.

“Existem várias maneiras de morrer. Por enquanto, porém, escolho viver” p. 256

Eu demorei muito para terminar esse livro, não por conta de qualquer razão pejorativa que você possa estar pensando. Demorei para terminá-lo pois a história é tão intensa, cheia de altos e baixos, que desperta tantas emoções que em vários momentos tive que dar uma parada, refletir para então continuar. Sonhos em flor te faz refletir sobre o processo de vida, sobre a morte e sobre o intermédio entre esses dois pólos.

Nesse romance de Estelle Laure conheceremos mais a fundo Eden. Em “Essa luz tão brilhante” tivemos algumas nuances dessa personagem, entretanto confesso que naquela ocasião torci o nariz mais de uma vez para ela, por suas ações e também pensamentos que não me foram muito agradáveis. De certa maneira eu entrei de cabeça no livro já imaginando o que esperar e fui totalmente surpreendida.

Eden sempre teve a vida perfeita, ao lado dos pais, amigos e do irmão gêmeo, traduzida como um prodígio do balé as coisas começam a desandar quando sua melhor amiga e seu irmão começam a namorar, sua promissora carreira no balé já não parece tão certa assim e um acidente grave a coloca em coma. Um mês depois ela acorda, mas sua mente ainda parece querer levá-la ao limbo do intermediário, principalmente quando sua colega de hospital também se encontra no mesmo ponto e Eden parece ser a única que pode entender.

“E se tivermos um destino e não percebemos os sinais porque não estamos prestando atenção? E se estivermos desperdiçando nossa vida inteira por causa disso?” p. 201

Em linha de frente conhecemos Joe, que assim como a família de Eden sofre o acidente de uma pessoa querida. No começo tudo que o envolve é um mistério. Quem é ele? Quem é a garota pela qual ele fica horas no hospital? Ela vai acordar?

Jasmine, esse é o nome da ponte e elo entre Eden e Joe, uma garota mistério cheia de segredos e que se tornou o elemento crucial tanto para a relação dos dois quanto para o andamento da trama.

A trama de Estelle é fluida, cheia de mistérios bem elaborados para o andamento do enredo, a trama não fica pesada ou chata em momento algum, ela é daquela que são capazes de te fazer pensar sobre as histórias da vida, sobre o andamento das coisas. Nem todas as atitudes de Eden são louváveis a meu ver, mas ao mesmo tempo eu consegui entendê-la. Desbravar a morte é um dos desejos da maior parte de nós, saber o que há “do outro lado” é uma curiosidade natural e ao mesmo tempo em que Estelle por meio da escrita desbrava esse universo ela nos mostra o quão maravilhoso é viver também por meio da sua escrita.

Todos os mistérios, emoções e revelações foram maravilhosos de serem acompanhados e apesar de ter terminado a tão pouco tempo já estou com saudade dos personagens e do enredo como um todo. O título é sugestivo para a trama, é um daqueles que a gente fica pensando no porque da escolha e depois compreende corretamente que não haveria um melhor para decifrar e definir sensações.

“Nunca deixaremos de ser algo imperfeito e sujeito a mudanças. Não somos uma coisa. Nem mesmo duas. Somos milhares. Somos milhões. Somos facetas. Brilho de estrelas” p. 256