Cruzando o Caminho do Sol
Corban Addison
NovoConceito, 2012
Sita e Ahalya são duas adolescentes de classe média
alta que vivem tranquilamente junto de seus familiares, na Índia. Suas vidas
tranquilas mudam completamente quando um tsunami destrói a costa leste de seu
país, levando com suas ondas a vida dos pais e da avó das meninas. Sozinhas,
elas tentam encontrar um modo de recomeçar a vida. Mas elas não devem confiar
em qualquer um... Enquanto isso, do outro lado do mundo, em Washington, D. C.,
o advogado Thomas Clarke enfrenta uma crise em sua vida pessoal e profissional
e decide mudar radicalmente: viaja à Índia para trabalhar em uma ONG que
denuncia o tráfico de pessoas e tenta reatar com sua esposa, que o abandonou.
Suas vidas se cruzarão em um cenário exótico, envolto por uma terrível rede
internacional de criminosos. Abrangendo três continentes e duas culturas,
Cruzando o Caminho do Sol nos leva a uma inesquecível jornada pelo submundo da
escravidão moderna e para dentro dos cantos mais escuros e fortes do coração
humano.
Sita
e Ahalya são irmãs e são beneficiadas pela vida confortável da classe média
indiana, seus pais trilharam para as duas jovens um futuro perfeito: estudar na
Inglaterra, serem o mais bem educadas o possível, serem prendadas e bem
casadas, boas mães. Tudo muda em um domingo 26 de dezembro quando a cidade
costeira de Chennai foi varrida por um devastador tsunami que não só deu fim a
tudo o que as irmãs conheciam como a família e a segurança, mas também
colocaria no caminho de ambas um trágico futuro.
Enquanto
Sita parecia estar alheia a tudo como uma forma de escapar da dor, Ahalya tomou
para si a responsabilidade de cuidar da segurança de ambas, mas enquanto
buscavam por ajuda acabaram por encontrar a má fé de um homem jogou-as no
submundo de exploração sexual.
Em
primeiro plano conhecemos a luta de Ahalya para tentar livrar sua irmã mais
nova dos horrores aos quais serão submetidas em sua nova vida, marcada pela
crueldade. Depois conhecemos a angustia de sita, que separada bruscamente de
sua irmã não consegue mais se esconder em uma couraça de proteção.
Se
você assistiu a novela “Salve Jorge” (Globo, 2012-2013) e ler o livro irá
perceber grande semelhança em algumas situações, principalmente verá o quanto o
ser humano buscando o lucro escraviza seu próximo sem piedade. Sita e Ahalya
são exemplos fictícios de uma realidade, uma representação de milhares de
pessoas que em pleno século XXI vivem essa situação.
Em
meio a essa turbulência, Thomas Clarke, um advogado americano também está
passando por um tsunami em sua vida particular e profissional. Thomas foi
casado com uma moça indiana, mas as diferenças culturais e também o trauma da
perda de uma filha foram desgastando o relacionamento até que o fim foi
eminente, sua vida profissional nos Estados Unidos está um fracasso, esta sendo
sabotado pelos colegas.
Em
uma tentativa de seguir em frente Thomas acaba sendo integrante de uma ONG
indiana para lutar contra o trafico humano e a exploração sexual, seu foco
agora está em lutar para desarticular uma quadrilha de exploração humana e
livrar dezenas de pessoas fragilizadas e machucadas para que possam recomeçar
Em
muitos momentos fiquei com lágrimas nos olhos, as irmãs passam por inúmeras provações
que sinceramente me chocaram, Corban foi brilhante em sua narrativa, cativante
instigante e com um ar realista que dá a sua história um ar verídico. Para mim
sua principal intenção ao escrever seu romance é abrir nossos olhos para aquilo
que tanto tentamos desviar o olhar: a degradação do outro, os abusos físicos,
morais e sexuais impostos.
Uma
campanha nacional foi lançada como uma maneira de minimizar ações de exploração
humana. Caso veja algo suspeito disque 100 ou 180 e denuncie!