Nossa Música
E se o seu marido fosse o grande amor
de outra pessoa?
Dani Atkins
Arqueiro, 2017
Sinopse: Ally e Charlotte poderiam ter sido grandes
amigas se David nunca tivesse entrado em suas vidas. Mas ele entrou e, depois
de ser o primeiro grande amor (e também a primeira grande desilusão) de Ally,
casou-se com Charlotte.
Oito anos depois do último encontro, o que Ally
menos deseja é rever o ex e sua bela esposa. Porém, o destino tem planos
diferentes e, ao longo de uma noite decisiva, as duas mulheres se reencontram
na sala de espera de um hospital, temendo pela vida de seus maridos. Diante de
incertezas que achavam ter vencido, elas precisarão repensar antigas decisões e
superar o passado para salvar aqueles que amam.
Com a delicadeza tão presente em seus livros, Dani
Atkins mais uma vez nos traz uma história de emoções à flor da pele, um drama
familiar comovente que não deixará nenhum leitor indiferente.
E o troféu desidratante
do ano vai para: “Nossa música”! me chamem de louca, mas eu estava com saudade
dos dramas bem escritos e viciantes de Dani, daqueles que fazem virar a noite
acordada, que deixam aquela bad pós final (e que final)!
"O passado e o presente não tinham o menor direito de estarem no mesmo lugar. No entanto, estavam."
A sinopse já revela boa
parte do enredo, no centro da questão temos quatro personagens cruciais: Ally,
Charlotte, David e Joe sendo que os três primeiros compartilham as amarguras de
uma amizade e vários corações partidos. Ally não desejava ver nunca mais David,
seu primeiro amor e Charlotte, a mulher que ajudou a destroçá-la, mas o senhor
destino decidiu essas duas mulheres tão diferentes se encontrariam e finalmente
acertariam as contas de uma história que começou 8 anos antes.
Na faculdade Ally e
David eram os opostos, o rico e a pobre, o festeiro e a intelectual, o
experiente e a inexperiente, uma junção clássica e muito certa, a paixão
explosiva e uma dose de ciúme foram cruciais para que a trama se desenrolasse. Em 24 horas no presente tudo seria acertado,
todas as decisões seriam revistas.
"Alguém me disse uma vez que os relacionamentos terminam de duas maneiras: ou pouco a pouco, como a água gradualmente erodindo e desintegrando uma rocha, ou em uma imensa explosão, como um vulcão em erupção.”p. 146
Oscilando entre passado
e presente sob o ponto de vista tanto de Ally quanto Charlotte, Dani nos
presenteia com uma história cheia de questionamentos, sendo que o que mais me
acompanhou foi: até que ponto realmente recomeçamos?
O amor é um dos
sentimentos mais loucos que existem, ele pode ser a calma que a gente precisa
ou a insensatez que queremos que ele seja e assim como Ally e Charlotte navegam
nesse mar de sentimentos creio que todos nós em algum momento também
passaremos, ganhando no caminho experiências, feridas e recomeços, mas por mais
que nos esforçamos para deixar de lado o passado até que ponto efetivamente
conseguimos? Se é justamente no passado que de alguma forma nos moldamos e mudamos,
as ações, palavras e segredos que trazemos para o presente são frutos do nosso
passado e é interessante como Atkins trabalha tudo isso em sua trama sem perder
o fio condutor, sem forçar a barra, sem criar um carnaval desmedido. Mais do
que isso, a autora quer nos dar aquele empurrão básico para compreender que nada
é por acaso, todas as pessoas que entram em nossas vidas tendem a ser bênçãos e/ou
aprendizados e temos que aprender a valorizar cada uma delas.
Um segredo aqui, uma
lágrima ali, um suspiro acolá, é difícil não se envolver com a trama e seus personagens,
as memórias de duas mulheres com tanto sobre o amor a ser contado, tantas
recordações, tanta magia nesse enredo.
Tem previsibilidade o enredo? Sim, porque nós
leitores já temos a nossa bagagem, já aprendemos a identificar sinais e conhecer
o desenrolar das ações baseados nas nossas experiências e no que conhecemos
daqueles que passam as páginas nos acompanhando. Em nenhum momento isso é
negativo a meu ver, pelo contrário, toda essa previsibilidade não é suficiente
para apagar o brilho da trama. Aliás todo o clímax decorre de um final que sabe
ser doloroso, surpreendente e emotivo, de uma generosidade surpreende, de uma
possibilidade de redenção que comove, Joe como sempre foi desde o começo da
trama a tábua de salvação de tudo, de todos.
Se eu chorei? Imagina,
desidratei mesmo!!! Em alguns momentos nem consegui ler tamanho o fluxo de
minhas lágrimas, é incrível como uma junção de palavras em uma história
consegue mexer tanto com as emoções de alguém e Atkins tem esse dom e sendo sincera
nada do que eu escreva poderá retratar minimamente o que senti, a confusão de
sentimentos que me foram despertados.
Em um triângulo amoroso
eu sempre tomo parte de alguém, em geral luto por essa personagem até o fim e
mesmo preparada para odiar Charlotte do começo ao fim, não consegui, porque
assim como eu Charlotte me passou uma humanidade, uma franqueza de sentimentos
que não pude controlar os meus próprios, a menina mesquinha da juventude que
sofre com os mesmos medos de não ser suficiente da mesma forma como eu já me
senti. Por outro lado a Ally que eu também já fui, a sonhadora, a princesa dos
contos de fadas, mas também impulsiva e cabeça dura. Essas duas mulheres fictícias
me lembraram tanto de mim que é impossível amar uma e odiar a outra e é
impossível não se comover com ambas.
Apesar de tudo, o
troféu personagem do livro vai para o maravilhoso Joe, ele que resgatou, por
assim dizer, Ally e me resgatou também, a forma como ele é devoto a esposa, seu
amor desmedido, recontado por Ally é o sonho de toda a romântica. David não
fica atrás, mas de maneira mais reservada minha afetividade por ele foi corroída
pelos fatos do passado dele com essas duas mulheres.
Não há vilões, apenas
personagens tão bem construídos e tão reais que realmente poderiam existir em
um mundo de acasos tão prováveis, o livro desperta várias emoções e creio que cada
um que ler terá uma sensação e uma opinião, mas o mais intrigante da trama é ver
como a gente se envolve e quer brincar com as palavras, mudar ações e destinos.
Mais do que tudo é uma
trama que cativa, que prende, que não se esquece. Dani Atkins meu muito
obrigada por mais uma vez ser espetacular!
Olá. Ótima resenha, li e fiquei já imaginando a história, gostei e quero ler.
ResponderExcluirhttp://submersa-em-palavras.blogspot.com.br/?m=1
Fiquei sabendo que o epílogo é de deixar qualquer um com a mão na teta.
ResponderExcluirAdorei a resenha, amore! Já coloquei esse livro na lista de desejados!
Bjksssss
Olá Thaila,
ResponderExcluirEssa é a primeira resenha que leio desse livro e já de cara gostei, a capa é muito bonita e pela sua resenha a história ainda mais, vai para a lista...bjs.
http://devoradordeletras.blogspot.com.br/
Olá Thaila! Fiquei sem chão com essa sua resenha. Perfeita é pouco! Parabéns! (aplausos de pé) Você conseguiu nos passar tudo o que sentiu com essa leitura que ao meu ver deve ser maravilhosa. Nunca li nenhum livro da Dani, mas esse me despertou de tal forma que estou em busca de lê-lo em breve. Essa trama dos personagens com o passado me parece ser muito envolvente.
ResponderExcluirNovamente...parabéns por essa resenha fascinante!
Beijos
Vivian
Saleta de Leitura
Oi, Thaila.
ResponderExcluirA sinopse realmente entregou que o enredo tem sua previsibilidade. Mas pelo que eu senti da sua resenha, a história fluiu super bem e os personagens pareceram ser cativantes. Bjs!
http://ymaia.blogspot.com.br/